quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Fundação da Casa Popular - 1946

Em 1946, no governo de Getúlio Vargas, foi criada a Fundação da Casa Popular (FCP), que visava o atendimento à população que não participava do mercado formal de trabalho e, por isso, não tinha acesso aos IAPs. Representou o primeiro esforço declarado do Estado no trato do problema de moradias. Subordinada ao Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, tinha por finalidade:

Proporcionar a brasileiros ou estrangeiros com mais de dez anos de residência no país ou com filhos brasileiros a aquisição ou construção de moradia própria, em zona urbana ou rural.

Este objetivo era regido por premissas secundárias, descritas no decreto de criação da FCP. A fundação faria cumprir sua razão através de: financiamento da construção ou aquisição de residências do tipo popular; financiamento às prefeituras na construção de residências ou em serviços de melhoramentos urbanos ligados à habitação popular; financiamento de indústrias de matérias primas de construção.

À parte da destinação direta de recursos citada, o decreto tambem previu a atuação da fundação como construtora, no que se refere à: projeto e execução de obras residenciais; delegação da construção às prefeituras ou instituições assistenciais; empreitada de obras ou frações destas; fiscalização e assistência de execução de obras.

Desta forma, ficou patente a extensão das atividades da FCP, de financiar desde casas de tipo popular até indústrias de materiais de construção, passando por serviços de urbanização. Tambem denota-se a suposta participação das prefeituras na execução de projetos, criando uma relação de financiamento e acessoria com a FCP. As intenções pareciam bem fundamentadas.

Essa orientação, [...], tem grande importância econômica, passando a Fundação, de certo modo, a funcionar como instituição de fomento para a economia local. Nesse caso, as inversões de capitais que promover, corresponderão a uma política municipalista e regional, bem interessante, capaz de ajudar a impulsionar, eficientemente, a morosa máquina do progresso nacional. (GODOI FILHO, Armando. A casa popular no Brasil. Observador Econômico e Financeiro, Ano XII, n. 130, nov. 1946, p. 152)

Ao pretender o atendimento dos numerosos indivíduos não cobertos pelas categorias de operários das IAPs e, tentar financiar habitações para pessoas com rendimentos tão mínimos, o Estado brasileiro, com a criação da FCP, se lançou em empreitada muito maior e ainda mais delicada financeiramente do que a que se prestou com as IAPs. E foi exatamente diante de tão mal dimensionada concepção que o projeto não encontrou bases de sustentação, culminando no fracasso e sua extinção em 1964.

O problema foi originado desde o decreto de criação da entidade, em que se previa a origem dos recursos através de taxação das transações imobiliárias em todo o país. A falsificação dos valores negociados, diminuindo bases de cálculo, e a inépcia e desinteresse dos governos estaduais em recolher as contribuições minaram o caixa da fundação. A FCP, por não captar sequer 10% dos recursos originalmente estipulados န que já eram insuficientes (Gráfico 5) န acumulou dívidas com concessionárias públicas e com diversos órgãos do próprio governo federal (como a Previdência).

5 comentários:

Unknown disse...

Preciso te conhecer... Estou fazendo um trabalho sobre habitação e curso Serviço Social.
Por favor, me mande msg de como te acho... claudiacjung@yahoo.com.br

Le disse...

Olá, valquíria! Gostaria de saber sobre a referência deste texto. Busquei na internet "Casa Popular no Brasil", que vc citou, e não encontrei nada. Deve ser um material que já não se encontra disponível. Se puder me ajudar, é para pesquisa de mestrado. Obrigada. leandrinhaa@gmail.com

Egeu Laus disse...

Desculpe a correção, mas em 1946 Getulio Vargas já havia sido deposto. Portanto, embora toda a gestão para a criação da Fundação da Casa Popular tenha sido de Getulio Vargas, sua criação acontece oficialmente em 1º de maio de 1946 no governo de Eurico Gaspar Dutra... :-)

Alex disse...

Em 1946, o Presidente era o Eurico Gaspar Dutra. Getúlio Vargas só voltou ao poder em 1951. Porém, o programa habitacional de Gaspar Dutra só foi efetivado no governo Vargas.

graca disse...

Você tem alguma coisa sobre um conjunto de nome JK, em Contagem, Minas Gerais, construído pela fundação da casa popular na década de 60?